17 de setembro de 2009

Temperamento Impulsivo

Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.

Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.
CL

16 de setembro de 2009

Cigarro

Ele: O que você está fazendo?

Ela: Fumando um cigarro, pq?

Ele: Que feio.. Porque não para de fumar? Faz mal, sabia? E o gosto é horrível.

Ela: Pois é..

Ele: Mas sabia que isso dá câncer?

Ela: Esse não. Eu só compro aquele que causa impotência.

Ele: ...

Ela: Quê?

Ele: Não vou te beijar fedida de cigarro

Ela: É por isso que eu prefiro o cigarro. Ele nunca reclama..

Ele: ...

Entre o lilás, verde e o laranja

Dentro de uma cidade de pedra existia um reino encantado que ficava no meio mundo lilás, verde e laranja e à direita de uma linda cachoeira. Não era todo mundo que podia chegar lá e muitos dos que chegavam não conseguiam entender a alegria que ali florescia.

Nesse lugar, vivia um linda fada amarela que estava sempre cercada por seus amigos doendes, gnomos, elfos e outras fadinhas. Nas primeiras horas do nascer do sol, os seres encantados começavam a euforia.

Mas o grupo das Bruxas da Noite não suportava tanta animação. E, um dia, uma maldição dominou a Terra do Nunca e levou embora muitos dos seres que rodavam o tal reino.

Dizem que ainda existem alguns ali, mas com a maldição, eles não conseguem falar com mais ninguém. Pouco se ouve falar sobre aqueles que escaparam. Comenta-se até que não existiu tal história.

Mas eu sei que os seres encantados existem e estão pela cidade de pedra. E também sei que o amor que os unia nunca terminou. Vira e mexe a gente ouve um “tititi” por ai. E quando isso acontece, o sentimento de saudade surge e, se prestar bastante atenção, poderá ouvir duas fadinhas fofocando bem baixinho sobre como era bom estarem juntas.

(texto de presente para Elaine, redatora da agência X, que tinha todas as paredes lilás, verde e laranja)

15 de setembro de 2009

Cliente e suas esquisitices

Ta, nem posso considerar o personagem dessa história um cliente, afinal, ele é quase o dono da agência. Ou melhor, ele é o pai do dono e precisa ser respeitado.

O pai do dono da agência tem um amigo muito picareta. Tão picareta que eu sinto raiva só em pronunciar o nome dele. O amigo do pai do dono da agência não é só picareta, ele é a síndrome do mau gosto e hipocrisia. Esse amigo tem uma empresa chamada Planet Digital. Sei que não é ético da minha parte divulgar o nome, mas como ética não é o forte do amigo, eu quero que se dane.

Essa Planet Digital se auto-intitula uma fábrica de Internet, o que, particularmente, não faço a menor ideia do que significa. Por isso, curiosa como sou, fui investigar e decidi mostrar o portifólio deles aqui:http://www.planetdigital.com.br/portifolio.htm

O pai do dono da agência resolveu, por livre e espontânea vontade, aprovar com o amigo dele um projeto de design para o meu produto. Perdi o chão. Fiz birra, reclamei, briguei, ameacei de morte, mas nada adiantou. O Sr. Layout Casas Bahia ganhou.

E segundo o pai do dono da agência, nós também ganhamos, pois teremos dois novos membros na criação para serem instruídos sobre como fazer um material de qualidade. Uhu! Que extraordinário. Agora, vem cá. Desde quando bom gosto se ensina?

Acho que o pai do dono da agência tá fumando drogas.

Do jeito que as coisas andam, preciso praticar mais o desapego, torcendo para que o apelido criado para o amigo do pai do dono da agência pegue: Tosquinho... (#piadainterna)

14 de setembro de 2009

Eu e ela

Eu sou noite. Ela é dia
Sou preguiça e ela ação

Sou indecisa. Ela é pura certeza
Ela tem jogo de cintura, sabe se portar

Ela é a dona da razão e eu sou a pura emoção
E por isso a vida trouxe ela pra perto de mim

Ela era o meu bom dia
Ela era o motivo da minha primeira gargalhada

Ela era o meu oposto
E por isso o meu equilíbrio

Ela era a bobagem que eu falava
E a conselheira das minhas esquisitices

Eu era um pouco ela
E ela era um pouco eu

Até que chegou o dia
Que descompletaram o meu oposto
E hoje eu sou só metade

13 de setembro de 2009

O direto ao Foda-se

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.

"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não''! E tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade ''Não, absolutamente não!'' O substituem. O ”Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".

Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do ''foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.". Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".

O direito ao ''foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.Liberdade, igualdade, fraternidade e FODA-SE.

Pedro Ivo Resende

12 de setembro de 2009

Agência Grande, Agência Pequena... Agência

- Precisamos fazer um site.

- Por quê?

- O cliente X está muito frio, precisamos aquecer a relação, levar novidades.

- Ok, mas eles estão precisando de um site?

- É a coisa mais óbvia, é o básico.

- Já entrou no site atual? Como é?

- Ainda não, mas dê uma olhadinha quando puder.

- O que eles querem? Estão insatisfeitos?

- Não, mas vamos montar uns layouts e mandar para eles notarem nossa pró-atividade. Aí, se eles aprovarem, a gente faz o resto.

- Certo, montar uns layouts...

- Para amanhã você consegue?

- Estamos com duas embalagens para fazer e ainda mais o layout daquele folder.

- Faz o folder e o site amanhã. Pode ser?

- Não posso garantir.

- Dessa semana não pode passar. Logo vem o feriado e estamos perdidos. Valeu!

- E quem vai programar? Tem banco de dados, algum sistema que vai conversar com o novo site?

- Tem que perguntar pro pessoal de informática deles.

- Ah, tá.

- Tenta fazer que nem aquele outro site, deu supercerto. Se puder, coloca aquelas animações, dá movimento!

- Flash?

- É. Aliás, isso não pode faltar nas telas.

- Para amanhã?

- Vai ficar muito bom. Para amanhã, hein! Valeu! Agora tenho que pegar meu carro na revisão. Mal comprei e o câmbio automático está com problemas.

- Fogo...

- Bom, abraço!

- Tchau!

...- Meu, ferrou! Temos que fazer um site em flash para amanhã. - Não! Impossível. E o layout das embalagens?
- ah! Sei lá.... o cara mandou fazer urgente... falta de tempo não é argumento, segundo ele.
- Não é isso. Mas, não tem como eu fazer tudo ao mesmo tempo, merda. Nem se eu ficar até às 6h da manhã direto. Só tem eu de diretor de arte aqui, percebeu?
- Vamos apelar para o planejamento! Quem sabe não rola uma solução.
...
- Queridos, nesse momento difícil, eu preciso muito da colaboração de vocês. Preciso que dêem o melhor de si. Criação, sei que parece impossível, mas tenho certeza absoluta que você conseguirá tirar de letra. Vamos fazer o seguinte. Vocês ficam aqui até a hora que precisar, podem até pedir uma pizza em nome da agência que eu pago. Depois, vocês tiram um dia de folga, tá? A gente organiza aqui e vocês descansam. Agora, eu realmente não posso mais conversar. Estamos participando de uma concorrência muito difícil, que toma todo o meu tempo. Torçam para que a gente ganhe, tenho certeza que tudo vai mudar pra melhor depois.
...
- Sem querer ser a ovelha negra, mas espero muito que a gente perca a concorrência.
- Se prepara, meu velho. Se ganharmos essa conta o trampo vai dobrar.
- É. Aí eles terão que fazer a tal reestruturação que sempre prometeram.
- desencana. Não vai rolar. Abaixa a cabeça e trabalha. Vamos terminar isso logo...
Por Rodolfo Araújo e Fá Goellner (2007)

Casos de Agência I

Casos de agência

Em uma quinta-feira, 21h da noite, o Planejamento/Atendimento (porque em agência caseira é tudo a mesma coisa) está se preparando para ir embora quando o celular toca...

Gerente: Alo? Planejamento?Tá sabendo do evento que vai acontecer sábado?

Planejamento: to não, o que vai rolar?

Gerência: Uma festa que está marcada há 3 meses. Só que vamos cancelar o outro evento. Entao precisa ligar para o veículo e cancelar o anúncio que mandamos ontem.

Planejamento: ué, mas são 21h10 agora e o Guia sai nessa madrugada. Como é que vamos cancelar o anúncio?

Gerência: Ah, não sei. Dá uma ligada pro Bam Bam e pergunta até que horas podemos mandar um novo anúncio. Tem alguém da criação ai?

Planejamento: Não tem ninguém mais aqui, e não temos nenhum outro anúncio de ½ página para substituir, Gerência.

Gerência: tenta ligar lá e me retorna.

(20 minutos depois....)

Planejamento: Alô? Gerência? Temos que mandar um anúncio até as 22h, mas são 21h20 e não tem ninguém aqui pra fazer.

Gerencia: Pega qualquer anúncio que temos ai... pode ser aquele do prêmio que ganhamos no mês passado

Planejamento: Gerencia, o prêmio que ganhamos foi do concorrente desse que estamos anunciando agora. Não tem sentido eu mandar um agradecimento aos leitores do jornal x se o prêmio foi do Y.

Gerencia: Não sei o que vc vai fazer, mas tem que resolver. Não posso pagar esse espaço publicitário se não teremos anúncio. Coloca calhau, qualquer coisa. Não posso mais falar agora.

Planejamento liga para jornal, jornal diz que já está tudo pronto e não tem como cancelar. Gerente da conta com o celular desligado. Planejamento chora. Criação tentando voltar para a agência. E o tempo passa, a tensão aumenta e o cliente máster não está disponível.

Planejamento desiste. Criação pega caminho de volta para casa e o anúncio não pode ser cancelado.

Gerência retorna pra agência às 11h30. Planejamento, com cuidado, comenta:


“Então, não deu. O anúncio vai sair. Amanhã a gente resolve com os clientes e tenta gerenciar a crise”

Gerência com a cara emburrada: “Que absurdo. Foi falta de vontade do bam bam, como não dava pra trocar???”Impressionante!

Planejamento (#ironic mode in): Pois é, não se fazem mais veículos como antigamente.

10 de setembro de 2009

Twilight

"It's not only your company I crave! Never forget that. Never forget I am more dangerous to you than I am to anyone else." He stopped, and I looked to see him gazing unseeingly into the forest.

I thought for a moment.

"I don't think I understand exactly what you mean — by that last part anyway," I said.

He looked back at me and smiled, his mood shifting yet again.

"How do I explain?" he mused. "And without frightening you again… hmmmm." Without seeming to think about it, he placed his hand back in mine; I held it tightly in both of mine. He looked at our hands.

"That's amazingly pleasant, the warmth." He sighed.

A moment passed as he assembled his thoughts.

"You know how everyone enjoys different flavors?" he began. "Some people love chocolate ice cream, others prefer strawberry?"

I nodded.

"Sorry about the food analogy — I couldn't think of another way to explain."

I smiled. He smiled ruefully back.

"You see, every person smells different, has a different essence. If you locked an alcoholic in a room full of stale beer, he'd gladly drink it. But he could resist, if he wished to, if he were a recovering alcoholic. Now let's say you placed in that room a glass of hundred-year-old brandy, the rarest, finest cognac — and filled the room with its warm aroma — how do you think he would fare then?"

We sat silently, looking into each other's eyes — trying to read each other's thoughts.

He broke the silence first.

"Maybe that's not the right comparison. Maybe it would be too easy to turn down the brandy. Perhaps I should have made our alcoholic a heroin addict instead."

"So what you're saying is, I'm your brand of heroin?" I teased, trying to lighten the mood.

He smiled swiftly, seeming to appreciate my effort. "Yes, you are exactly my brand of heroin."