5 de setembro de 2008

Liberdade

O sentimento de liberdade é algo estranho. Na verdade, penso que a liberdade não existe, pois ninguém nunca é livre por completo.

Ontem finalizei um ciclo importante na minha vida profissional. Saí de uma agência que eu trabalhei por três anos e meio e, por alguns instantes, me senti livre. Sabe aquela vontade estranha de correr pelo mundo e gritar aos sete ventos que acabou? Que a partir daquele instante, nada mais vai me tirar do sério? Não tenho mais que me preocupar com prazos, com textos e projetos. Não tenho mais que obedecer nenhuma ordem da nova chefa burra, não preciso ser simpática ou deixar a minha mesa organizada. Amanhã não farei social, não terei que enviar status, não precisarei pensar na campanha de verão de 2009. Que perfeito! Mais um ciclo se encerra e eu estou LIVRE!!!!

Só que essa sensação de liberdade de ontem acabou. Hoje, já comecei a sentir falta daquilo que eu nem deixei de ter ainda. Da chefe não, é claro, porque minha falsidade e tolerância terminam na página 29 e não seria tão ridícula ao ponto de escrever isso. Mas já sinto falta das pessoas, da minha parceira de trabalho, dos meus projetos, risadas, happy hour e, até mesmo, dos dias mais conturbados. Talvez por gostar muito de fazer o que faço. Ou apenas porque eu sou uma pessoa saudosista e ansiosa. Não sei a resposta correta, mas sei que acabou o sentimento de liberdade, que pouco durou.

Agora eu penso em tudo que vai acontecer, nos próximos problemas do emprego novo, dos futuros projetos e departamento que terei de criar. Penso que terei que começar do zero, fazer o lobby de novo, mostrar trabalho e ser simpática quando tenho vontade de mandar a pessoa praquele lugar. Porque, como sempre, todo lugar que formos teremos que lidar com as mesmas coisas, elas só mudarão de embalagem.

Penso que cada lugar terá coisas boas e ruins. Aí eu reflito: Será que vale a pena trocar? Se o bom e o ruim sempre estarão juntos, qual é a lógica de mudar de emprego? A minha foi a seguinte: todos nós temos um limite. Agüentamos as coisas ruins até o momento que as coisas boas superam. Talvez as coisas boas continuem boas, apenas minha tolerância para as coisas ruins tenha diminuído e elas tenham se tornado coisas péssimas.

E quando isso acontece, não há mais o que ser feito. É mais um ciclo que se encerra e precisamos seguir em frente. Assim como o sentimento de liberdade. Ele é um ciclo. Vem, chega, te levanta o astral e se vai sem ao menos se despedir. Por isso que eu acho que a liberdade não existe. Ela sempre vem acompanhada por um outro sentimento. Talvez ela seja apenas um pré-sentimento. Algo que o cérebro emite antes de sentir. Sei lá, uma coisa meio parecida com comer chocolate para curar dor de amor, entende?

Liberdade seria uma ausência de submissão? Uma independência para sermos nós mesmos? Eu ditando minhas próprias regras? Mas se eu vivo em uma sociedade que tem um sistema de justiça, como posso ter minhas regras? Até que ponto eu posso me sentir livre, sem que isso influencie no dia-a-dia alheio?

Acho que a liberdade é apenas uma vontade espontânea que, quando vai embora, perde todo o sentido.