21 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos e os trabalhadores brasileiros

Ta, eu sei! Esse assunto já está enchendo o saco de todo mundo. Mas como é a onda do momento e tudo que acontece gira em torno desse evento, eu precisoooo extravasar.

Eu, como uma jornalista trabalhadora brasileira, passei o ano de 2007 e início de 2008 desenvolvendo milhares de campanhas inspiradas no tema Beijing 2008. E já por ai começa minha frustração com o mundo corporativo e os Jogos Olímpicos.

Não é Beijing, saco. É Pequim! Se eu estou no Brasil, escrevendo em português para funcionários brasileiros, porque tenho que me referir a capital da China como Beijing? E aposto que a maior parte das pessoas nem sabia o que era Beijing até uns dias atrás – isso se não continuam a ter dúvidas.

Isso é um reflexo dessa idiotice corporativa em “ingleizar” o português. Já parou para observar que só são considerados importantes aqueles que insistem em americanizar tudo? É um tal de feedback, follow up, to do, btw, fyi, time, layout, briefing, newsletter ... Aff. E claro que foi uma dessas pessoas importantes que me proibiu de falar Pequim.

Outra coisa que me tira do sério é a mania que o povo – incluindo a mídia – tem de se referir aos Jogos Olímpicos como Olimpíadas. “Fulana, você viu que a Maria foi para as Olimpíadas? Nossa, o João jogou bem nas Olimpíadas”. Ai que nervoso. Olimpíadas não! Jogos Olímpicos! Olimpíadas é o intervalo entre os jogos - aqueles quatro anos em que os atletas tentam conseguir vagas para participar dos Jogos Olímpicos. Repita comigo: Não estamos nas Olimpíadas. Estamos competindo nos Jogos Olímpicos.

Mas minha frustração com os Jogos e os trabalhadores brasileiros vai além. Reclamo por ter trabalhado, durante dois longos anos, nessa porcaria de evento em Beijing só para ver o meu país dar vexame.

Foram vários, inclusive: A seleção feminina ficar em 2º lugar, a mulher me perder a vara – só podia ser brasileira, a Daiane dos Santos pisar na merda da linha várias vezes, o vôlei de praia e, por último, mas não menos importante: A Seleção Brasileira de Futebol Masculino.

As outras modalidades eu até entendo porque não têm o mesmo incentivo e visibildade, mas a “seleção” não. Gente, como pode? Somos o país do futebol. Não reclamo só por sermos considerados os melhores do mundo, mas porque pagamos milhões para esses caras jogarem bola. Tudo aqui é em torno desse esporte e, até nele, a gente perde? Ai que vergonha!

Por mim, o Brasil poderia nos poupar e parar de competir nos Jogos Olímpicos. Sério mesmo. Pensa em como mudou a nossa rotina para que a gente pudesse torcer e assistir aos jogos do outro lado do mundo. Até nosso trabalho teve influência e os caras, que também estão trabalhando lá, dão esse vexame.

Chego em casa e penso em assistir os jogos. Mas assistir ao quê? Salvo raras exceções, o Brasil insiste em mostrar a cara para envergonhar os torcedores. Não culpo os atletas, mas sim esse país que se preocupa em gastar mais dinheiro com o BBB do que incentivar os esportistas a fazerem bonito lá fora.

Hunf! No fim das contas, dependendo do tamanho da vara é melhor perdê-la mesmo.

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